Nunca
tive muita paciência para as ditas “amizades” virtuais – i.e.,
aquelas que ocorrem apenas nas “redes sociais”. Por isso, a
imensa maioria de minhas “amizades” virtuais se restringem a
pessoas que conheço (ou já conheci) no mundo real, com poucas
exceções. Apesar, entretanto, de pensar que essas sejam apenas
“simulações” de relações humanas, creio que, de certa forma,
mimetizam nossos comportamentos sociais do mundo real.
No
mundo real, tenho conhecidos e amigos de todas as cores, de muitas
línguas, das mais variadas crenças e descrenças religiosas, de
muitas nacionalidades e cidadanias, de múltiplas perspectivas
políticas, e de diferentes backgrounds culturais e status
socioeconômicos. Para mim, esta diversidade é o que torna a vida
humana bela, apesar de todas aquelas pequenas e/ou grandes coisas que
parecem querer sabotar a beleza de nossa experiência na Terra. Eu
não consigo imaginar minha vida num mundo no qual não houvesse tal
multiplicidade humana.
A
mentalidade de nosso tempo, da qual também sou herdeiro, louva, ao
menos nominalmente, a diversidade como elemento vital da “essência”
da vida social. Assim, ensinamos, escrevemos, cantamos, pregamos,
pintamos, filmamos, construímos, dançamos, cozinhamos, amamos – e
todos os possíveis verbos criativos imagináveis – a diversidade.
Sempre
foi minha política pessoal mimetizar essa variedade também no mundo
virtual.
Nos
últimos anos, entretanto, tenho me surpreendido com a atitude de
certos conhecidos nos mundos real e virtual. Alguns, pessoas que
publicamente recitam os credos da diversidade e da tolerância, têm
declarado que se afastarão daqueles que ousam pensar de forma
distinta das deles – especialmente no que concerne à política e à
religião. No mundo virtual, ameaçam “deletar” de seus círculos
qualquer um que expresse uma opinião, geralmente política ou
religiosa, da qual eles discordem!
Mais
um sintoma da contradição de nossa era! Infectamos nossos professos
credos políticos/religiosos com a hipocrisia de nossas atitudes
arrogantes, que, consequentemente, desacreditam tais credos.
Assim
fazendo, vence o espírito da iliberalidade e do conformismo
opressor. Uma negação da diversidade e da multiplicidade humanas.
+Gibson