Em
20 de abril último, a Suprema Corte da Rússia decidiu
favoravelmente à ação aberta pelo Ministério da Justiça contra a
organização das Testemunhas de Jeová no país. Desde então,
a denominação é considerada um “grupo extremista” no país, o
que tem piorado e legitimado a perseguição que o grupo já sofria
na Federação Russa. De acordo com relatos da própria Sociedade
Torre de Vigia de Bíblias e Tratados da Pensilvânia (a
principal organização das Testemunhas de Jeová no mundo), membros
da denominação têm sido atacados na rua, suas contas bancárias
têm sido bloqueadas e seus salões de culto têm sido
dessacralizados.
A
acusação contra as Testemunhas de Jeová é a de que quebraram uma
lei de 2002, frequentemente usada contra grupos que o governo encara
como inimigos. A lei proíbe que grupos religiosos – com exceção
da Igreja Ortodoxa Russa – afirmem pregar a única verdade (o que
fazem as testemunhas de Jeová, e muitos outros). Além disso, o
pacifismo e não envolvimento com a vida eleitoral ensinados pelo
grupo é a razão para que seja classificado como “extremista”.
Assim, as testemunhas de Jeová estão na mesma classificação da
al-Qa'ida e do Estado Islâmico, por exemplo!
Não
sou um Testemunha de Jeová e, pessoalmente, não tenho nenhuma
simpatia por suas crenças, mas seria inaceitável me calar diante de
tamanha violação aos seus direitos humanos básicos. A acusação e
a pena contra as Testemunhas de Jeová na Rússia é uma afronta à
humanidade de todos nós – assim como o é a perseguição sofrida
por todos os grupos religiosos dissidentes na Rússia e em todas as
outras partes do mundo, apenas por suas práticas pacíficas e de não
participação com a vida “secular” serem percebidas como um
desafio ao cetro do poder estabelecido.
O
direito humano de acreditar no que quer e de expressar essa crença
de forma não violenta é mais importante do que qualquer lei que o
subtraia. Essa é a base de minha fé religiosa e de meu credo
político. E realmente não importa o quanto eu discorde das ideias
defendidas pelos demais: se eles têm seu direito violado, o meu
próprio se foi com eles. É uma vergonha que isso ocorra em pleno
século XXI.
+Gibson