Cada
vez mais me aborreço com a intolerância à diversidade de opinião
que tem se manifestado em nossa sociedade pretensamente democrática.
Vivemos numa sociedade na qual aqueles que pensam duma forma distinta
são, perdoem-me a expressão, “diabolizados”, desvalorizados. Um
exemplo disso exibe-se no caso dos militantes de determinados
movimentos sociopolíticos venderem-se como os defensores da
democracia, ao mesmo tempo em que demonstram suas intenções de
cercear a liberdade de expressão de opiniões que diferem das suas.
Isso é, para mim, algo vergonhoso.
Provavelmente
discordo das opiniões teológicas e políticas de muitos de meus
irmãos cristãos. A maioria dos outros cristãos que conheço, por
exemplo, também discordam de minhas compreensões. Partilhamos a
confiança no mesmo Deus e no mesmo Salvador, mas, provavelmente, com
compreensões teológicas nem sempre absolutamente idênticas.
Partilhamos a fé nas palavras das mesmas Escrituras, mas,
provavelmente, com bases hermenêuticas nem sempre absolutamente
idênticas. Mas, em minha limitada compreensão, essa diversidade
sempre foi parte da história do Cristianismo, e, em uma sociedade
democrática – como quero acreditar que a brasileira seja –, ela
não me ameça em absolutamente nada. Podemos viver numa mesma
sociedade, sob as mesmas leis democráticas, tendo, todos nós, a
liberdade de acreditar em coisas diferentes e expressar nossas
opiniões divergentes em segurança. Ao menos, isso é o que espero
numa democracia.
Se
democracia é liberdade, então essa liberdade deve ser uma via de
mão dupla. É impossível haver liberdade democrática se essa
liberdade for garantida apenas àqueles que são vistos como
“politicamente corretos” (seja lá o que isso queira dizer!).
Assim, todos devem poder expressar suas opiniões numa democracia.
Os
exemplos brasileiros de intolerância à manifestação de opinião,
nos últimos anos, são assustadores para alguém como eu – que
confio na liberdade de expressão do pensamento, mesmo se o
pensamento exposto for oposto ao meu. Os exemplos mais recentes dos
quais consigo recordar-me agora são aqueles de Silas Malafaia e de
Rachel Sheherazade.
Silas
Malafaia, um pastor evangélico (com uma visão teológica muito
diferente daquela que abraço), tem sido alvo de ataques de
políticos, “ativistas”, blogueiros, jornalistas, apresentadores
de televisão etc, pelo simples fato de expressar sua opinião
“politicamente incorreta” – com suas palavras sendo,
frequentemente, manipuladas para serem revestidas dum sentido que,
claramente, não foi o que ele quis dar.
Rachel
Sheherazade, uma jornalista que expõe suas opiniões há muito,
tem sido ridicularizada e ameaçada, inclusive por seus próprios
“colegas” de profissão, pelo simples fato de expor suas
convicções “politicamente incorretas” – também com suas
palavras sendo distorcidas por outros jornalistas e politiqueiros de
plantão para se revestirem dum sentido distinto daquele que ela
originalmente as deu.
No
caso desses dois personagens, encontramos uma séria ameaça à
democracia e à liberdade. Os supostos “democratas” – isto é,
aqueles que perseguem o Malafaia e a Sheherazade por dizerem o que
não agrada àqueles primeiros – são as reais ameaças à
democracia. São eles a real ameaça à liberdade de expressão do
pensamento em nossa sociedade.
O
mais interessante é que a maioria das ideias defendidas por Malafaia
e Sheherazade é, provavelmente, o que a maioria dos brasileiros
pensa!
Seja
como for, minha intenção não é dizer sobre o que concordo ou
discordo das ideias de meus dois personagens aqui. Minha intenção
é, simplesmente, a de manifestar o meu apoio à sua liberdade de
expressão de pensamento.
Política
e religiosamente, acredito na liberdade. A Providência nos abençoou
com a liberdade de escolher nossas crenças e de expressá-las. E as
leis formuladas por nossa sociedade nos garantem esses direitos.
Nossas leis nos garantem o direito de termos opiniões contrárias
àquelas da maioria (real ou fictícia) e de poder expressá-las de
acordo com a lei. Malafaia e Sheherazade, assim como todos nós,
devem ter seus direitos à expressão de opinião garantidos. Pode-se
concordar ou discordar do que dizem, mas, numa sociedade livre e
democrática como esta constitucionalmente é, não se pode retirar
deles seu direito democrático sem agredir a todos nós.
Seja
lá quem tenha dito aquelas palavras, geralmente atribuídas a
Voltaire, construiu um mote que tem sido parte de minha compreensão
liberal democrata:
“Posso
não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas
defenderei até a morte o direito de você dizê-las.”
Isso,
para mim, é o sentido da liberdade e da democracia.
Pela
liberdade de expressão de opinião e pela liberdade de imprensa!
Para mim, uma causa política, filosófica e religiosa.
+Gibson
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