"Ele ressuscitou, como havia dito!" (Mateus 28:6)
A Páscoa carrega consigo múltiplos sentidos que, associados ao Natal, completam a linguagem metafórica do nascimento, morte e ressurreição na tradição cristã. Por isso mesmo, independentemente da interpretação que lhe associemos, ela é essencial à narrativa cristã.
Pessoalmente,
rejeito as noções de sacrifício expiatório, de substituição
penal, de resgate etc. Elas são irreconciliáveis com minha
compreensão de Deus e de Jesus. O que quero dizer com isso é que,
para mim, Jesus não morreu para que eu pudesse ser perdoado por
Deus. Mas, mesmo rejeitando essa compreensão visceralmente violenta
da divindade, a linguagem pascoal ainda é fundamentalmente bela e
inspiradora.
A
linguagem pascoal é uma linguagem sacramental, uma linguagem que
aponta para aliança entre a humanidade e a Divindade, e entre a
humanidade e ela mesma. Essa aliança se constrói no processo de
nascimento, morte e ressurreição. Como discípulos de Cristo, somos
metaforicamente convidados a morrer para aquilo que nos separa de
Deus e ressuscitar para uma nova vida em Cristo. E esse é o chamado
mais difícil que podemos aceitar.
Essa
ressurreição à qual somos convocados é uma vida que revele e
respeite a presença e a atividade reconciliadora de Deus na criação.
É uma vida de afirmação e respeito à dignidade das pessoas, de
proteção à sacralidade da criação, e de alívio ao sofrimento
físico e espiritual daqueles ao nosso redor – não importando quem
sejam ou onde estejam. Quando nossa vida se torna partícipe desse
processo divino, aí podemos dizer que conhecemos o espírito da
Páscoa, pois então Jesus terá verdadeiramente ressuscitado em
nosso coração.
Que
nesta Páscoa possamos experienciar nós mesmos uma ressurreição em
nosso interior. É minha oração.
Feliz
Páscoa!
+Gibson
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