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domingo, 23 de janeiro de 2011

Leituras de Hoje - Lecionário Comum Revisado

Terceiro Domingo depois da Epifania - 23 de janeiro de 2011

  • Primeira Leitura: Isaías 9:1-4
  • Salmo: Salmo 27:1, 4-9
  • Segunda Leitura: I Coríntios 1:10-18
  • Evangelho: Mateus 4:12-23

domingo, 9 de janeiro de 2011

Leituras de Hoje - Lecionário Comum Revisado


Batismo de Jesus – 9 de janeiro de 2011

  • Primeira Leitura: Isaías 42:1-9
  • Salmo: Salmo 29
  • Segunda Leitura: Atos 10:34-43
  • Evangelho: Mateus 3:13-17

Conversos ou Conversas?


...Cada qual siga a sua convicção.” (Romanos 14:5)


Um visitante me perguntou hoje por que nós, unitaristas, não buscamos conversos. Ele me disse que há muito esperava ter encontrado uma comunidade onde se sentisse tão à vontade quanto se sentiu, mas nunca encontrara uma, e que se sentia frustrado por descobrir que sempre houvera uma tão próximo a ele.


Tive uma longa conversa com este homem que visitou nosso ofício, e tentei explicar-lhe que uma de nossas marcas era o não proselitismo religioso. Acredito que ele tenha compreendido nossas razões. Como cristão, não posso deixar de encontrar justificativas nas Escrituras para nossas compreensões do Cristianismo. Também não posso deixar de afirmar a identidade da tradição unitarista e cristã livre para nossa comunidade.


Os unitaristas brasileiros têm se esforçado para manter sua tradição cristã. Num mundo onde o Unitarismo tem se afastado cada vez mais de suas raízes, nós temos sido fiéis à nossa herança cristã liberal. Nosso Unitarismo é uma expressão da tradição cristã que sempre buscou uma compreensão bíblica inteligente e crítica; que sempre buscou ouvir a voz de Deus em nosso próprio tempo; que sempre abriu os braços, o coração e a mente para receber outros peregrinos em nossa jornada.


Nosso cristianismo é um cristianismo não-dogmático, dissidente, livre, que busca dialogar com nosso próprio tempo e cultura. Somos cristãos preocupados em seguir a religião de Jesus, e não a religião sobre Jesus. Nos ocupamos com nosso esforço de manter viva nossa compreensão liberal de Deus, de Jesus, da Bíblia, e do Cristianismo. Um dos traços dessa compreensão liberal é o respeito pela crença de outras pessoas e, por causa desse respeito, não somos tão vocíferos em buscar conversos, mas somos em buscar conversas (=diálogos). E eu espero que esse espírito de diálogo possa contaminar a todos. É minha oração.


+Gibson

sábado, 8 de janeiro de 2011

Interpretações literais das Escrituras


Esta é minha resposta à pergunta de um amigo em um fórum de discussões. Como muitas vezes respondo a perguntas semelhantes, achei ser legal postar esta resposta aqui.

Gibson,

Qual a interpretação que a sua igreja faz daquelas passagens do Novo Testamento onde Cristo expulsa demônios, anda por sobre as águas, cura enfermos, ressuscita mortos, etc? Qual o significado dessas passagens fora do contexto da interpretação literal?
(pergunta no fórum)


Em princípio, devo dizer que “minha igreja” não possui uma interpretação oficial dessas passagens. Posso interpretar essas passagens de uma maneira, e posso encontrar dentre outros membros de minha comunidade uma interpretação completamente diferente da minha. E isso não é um problema para nossa vida comunitária. O que nos une não é uma lista de crenças em comum, mas a aliança que temos entre nós e Deus.

A compreensão que cada um de nós temos, você e eu e todos os outros, das Escrituras vem das lentes com as quais enxergamos o mundo. Cada um de nós utiliza, mesmo que não tenha plena consciência disso, certas bases teóricas para filtrar nossa percepção das coisas, e isso inclui nossa percepção dos textos sagrados. Eu, por exemplo, abraço certa compreensão acerca da origem do universo que tornaria uma crença literal no relato da Criação, como no Gênesis, algo impossível para mim, pelo menos agora. Isso não torna o relato uma mentira. Trata-se apenas de uma outra maneira de falar a respeito do começo de tudo. Eu creio que as explicações dadas pela teoria do big-bang façam mais sentido para mim – a Criação como um processo que ainda não terminou, outra pessoa pode acreditar que uma Criação perfeita ocorrida em seis dias e executada por um Deus pessoal – uma Criação temporalmente localizada e executada – faça mais sentido. Considero isso até certo ponto indiferente para nossa busca espiritual.

Tenho uma compreensão não muito dogmática do sentido da palavra “verdade”. Essa palavra é importante para essa nossa discussão aqui. O sentido que dermos a essa palavra é o que vai definir, em grande parte, nossa compreensão desses relatos bíblicos que você aponta.

Para mim, a verdade é relativa. E quando digo “relativa”, estou me referindo à raiz latina desta palavra (relativus, a, um), ou seja, a verdade está sempre relacionada a um tempo, lugar, pessoa ou pessoas. Para as pessoas que viveram durante o início da igreja, provavelmente os relatos acerca de milagres sobrenaturais eram verdadeiros, como o são para pessoas hoje que têm uma compreensão do mundo diferente da minha, e como são para mim (mesmo que para mim dizer que aqueles relatos sejam verdadeiros não equivale a dizer que são factuais, que tenham ocorrido como foi relatado). Eu não sinto a mínima necessidade de acreditar em eventos sobrenaturais para acreditar em Deus – em minha experiência, a realidade de Deus não exige a factualidade de relatos sobrenaturais.

Mesmo não tendo a necessidade de factualizar a verdade – ou seja, torná-la algo objetivo e verificável, literalizá-la -, creio que seja válido fazê-lo, já que para algumas pessoas isso é uma necessidade. Essa factualização – tornar a verdade como algo necessária e literalmente verificável, objetiva – é uma necessidade construída pelo mundo moderno. Mas, se olharmos para a história do pensamento teológico cristão veremos que desde o início temos tido uma variedade de interpretações bíblicas. Duas escolas de pensamento se desenvolveram na interpretação bíblica pelos pais da igreja: a escola alexandrina (a escola de Clemente, Orígenes e Dídimo), que se baseou em antigas tradições interpretativas judaicas e nas ideias de Filo de Alexandria, e que permitia uma interpretação metafórica das Escrituras; e a escola antioquina (a escola de Diodoro de Tarso e João Crisóstomo, por exemplo), que enfatizava uma interpretação mais literal das Escrituras.

Quando olhamos para o método de interpretação bíblica dominante na Idade Média, vemos uma diversidade ainda maior, encarnada na Quadriga (o senso quádruplo das Escrituras): o sentido literal, o sentido alegórico/metafórico, o sentido tropológico ou moral, e o sentido analógico.

E então, depois do Iluminismo, surge uma ênfase exagerada na interpretação literal das Escrituras, especialmente entre protestantes mais conservadores. E o domínio dessa visão é tão difundido que as pessoas chegam a pensar que o literalismo seja a única opção interpretativa no mundo teológico cristão, o que não é. Por outro lado, entre liberais, pode-se também acreditar que a única saída seja correr para uma direção o mais distante possível da literalidade. Eu, entretanto, como um cristão unitarista, escolho permanecer dentro da própria tradição cristã: a tradição do equilíbrio. Assim, posso enxergar aqueles relatos como tendo algo de histórico (sentido literal), como servindo de símbolo para algo (sentido metafórico), como um ensinamento ético para a conduta cristã (sentido tropológico), ou como algo que aponta para a esperança cristã no fim da jornada (sentido analógico). Talvez tudo isso de uma vez só.

Então, não, não posso indicar uma resposta. Mas posso afirmar que a própria tradição cristã oferece meios para alcançarmos uma resposta por nós mesmos.

+Gibson

domingo, 2 de janeiro de 2011

Uma Explicação aos Visitantes Deste Blog


Escolho não permitir que os comentários aqui sejam abertos. E há várias razões para isso. Algumas vezes, considero os comentários de meus leitores um tanto pessoais demais e, por respeito à sua privacidade, prefiro não publicá-los. Outras vezes, recebo ataques não muito caridosos e, por respeito aos outros visitantes destas páginas, prefiro não publicá-los. Também penso que estou aqui para dialogar com pessoas que queiram um diálogo construtivo, um diálogo alimentado pelo espírito cristão de compaixão. Se alguém se sente ofendido por minhas crenças, pelas ideias teológicas que moldam os conteúdos deste blog, ou se sente-se ofendido por minha identidade denominacional, política, emocional, ou seja lá o que for, pode sempre escolher não visitar este espaço. Por mais que eu tente, não consigo entender por que razão alguém visitaria estas páginas e me escreveria mensagens tão agressivas, violentas, não caridosas, e faria isso acreditando que esteja fazendo “a obra de deus”, como fizeram nestes últimos dias. Isso, em minha visão, soa muito mais como uma questão patológica que teológica, e é uma pena.

Oro para que a Presença Eterna esteja com todos. Que Deus possa acender no coração de todos nós a luz de seu Espírito, e que nossas palavras sejam sempre um canal para a Paz no coração de nossas irmãs e irmãos, e não armas de agressão e violência.

Bençãos!

+Gibson

Leituras de Hoje - Lecionário Comum Revisado


2 de janeiro de 2011 - Segundo Domingo Após o Natal

  • Primeira Leitura: Jeremias 31:7-14 ou Eclesiástico (Sirac) 24:1-12
  • Salmo: Salmo 147:12-20 ou Sabedoria 10:15-21
  • Segunda Leitura: Efésios 1:3-14
  • Evangelho: João 1:(1-9), 10-18

sábado, 1 de janeiro de 2011

Leituras de Hoje - Lecionário Comum Revisado


Dia de Ano Novo - 1º de Janeiro de 2011

  • Primeira Leitura: Eclesiastes 3:1-13
  • Salmo: Salmo 8
  • Segunda Leitura: Apocalipse 21:1-6a
  • Evangelho: Mateus 25:31-46

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Unitarismo elitista bostoniano e os unitaristas brasileiros


No passado, o Unitarismo foi tão parte da vida de Boston, que chegou a ser conhecido como a “Religião Bostoniana”. Para entender o por quê, é só visitar a cidade e olhar para a Câmara Legislativa de Massachussetts – que o unitarista Oliver Wendell Homes chamou de “eixo do sistema solar” -, cujo edifício foi desenhado pelo unitarista Charles Bulfinch, e na frente do qual está a estátua do educador unitarista Horace Mann e do político unitarista Daniel Webster. Diante da Câmara está um Memorial ao também unitarista Robert Gould Shaw, o coronel da Guerra Civil americana, que liderou um regimento negro imortalizado no filme “Tempo de Glória” (de 1989).


Em muitos de seus textos, David Robinson, autor de muitos livros sobre a história do Unitarismo, aponta para a importância da cidade de Boston para a vida intelectual americana desde a Independência, e da maneira como a cultura literária americana dependia da cultura religiosa unitarista. Entre a Independência e a Guerra Civil, Boston era a grande metrópole cultural dos Estados Unidos, e os autores e artistas apreciados nos Estados Unidos eram unitaristas.


Harvard, a mais antiga universidade americana, era o berço da intelligentsia unitarista, e de lá saíam os cérebros que alimentariam a intelectualidade do país. A partir de 1805, o corpo docente da universidade passou a ser formado por uma maioria esmagadora de ministros unitaristas. Era o nascimento da tradição elitista dos unitaristas de Harvard. Esses unitaristas exerceriam uma influência assombrosa nas igrejas da região. À medida que os ministros formados em Harvard assumiam postos nas antigas igrejas puritanas da região, grupos dentro dessas igrejas se tornavam unitaristas e muitas divisões ocorreram. Os antigos líderes conservadores de muitas dessas paróquias foram à justiça contra os unitaristas em suas congregações, mas quase todos os juízes da região eram unitaristas, fazendo com que (na visão dos “conservadores”) os unitaristas fossem beneficiados.


Os primeiros unitaristas bostonianos eram socialmente conservadores, mas, apesar disso, eram politicamente liberais. Liderada pelos ministros unitaristas William Ellery Channing (sim, o nosso Channing!) e Theodore Parker, Boston se manteve à dianteira do movimento abolicionista. O movimento feminista seria liderado também pela unitarista bostoniana Susan B. Anthony. E os unitaristas de Boston não se revoltavam apenas contra o sistema puritano – eles resolveram se revoltar contra o próprio unitarismo, na forma do transcendentalismo, que rejeitava as igrejas e os ministros em nome de uma comunhão com a natureza. Dois de seus principais líderes, os unitaristas Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau, contribuíram para o florescimento da literatura americana, e o texto “Desobediência Civil”, de Thoreau, influenciaria Martin Luther King Jr e Mahatma Gandhi.


Ironicamente, foi exatamente essa associação do Unitarismo com Boston e com a vida elitista do establishment americano que impediu um maior crescimento do Unitarismo nos Estados Unidos. O Unitarismo era (e, em alguns casos, ainda é) visto como a religião dos ricos, poderosos e intelectuais descrentes. Se alguém buscasse consolo para a alma e forças para continuar, muito provavelmente não encontraria isso no Unitarismo. Essa é também a razão pela qual o Unitarismo não conseguiu se desenvolver no Brasil. Os unitaristas que vieram para o Brasil, e fundaram nossas comunidades, vinham de Boston, tendo trazido consigo um pouco daquele ar elitista. O Reverendo Charles Phelps, o primeiro ministro dos unitaristas brasileiros, era um desses unitaristas clássicos que proclamavam uma religião intelectualmente poderosa, mas incapaz de atingir o espírito brasileiro.

Não devemos nos envergonhar de nossa tradição: uma tradição religiosa que não se divorcia do intelecto. Nós unitaristas continuaremos a ser como nossos pais da Nova Inglaterra - os desafiadores de nós próprios. O que me pergunto, entretanto, é se não faremos isso numa linguagem que possa ser compreendida por nossos compatriotas. Com a aproximação da oitava década de nossa comunidade aqui, me pergunto se já não está na hora de repensar nosso elitismo! Temos nos esforçado para mudar nossa língua (literalmente!) - usando português em nossa liturgia. Mas nos falta muito. Temos de encontrar uma forma de falar nossa mensagem de uma maneira que toque o coração de pessoas que não estão acostumadas ao nosso vocabulário "elitista" (?). Elas querem ouvir nossa mensagem, elas estão em busca disso, só não descobrimos uma forma de conversar com essas pessoas ainda. Já está na hora!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Leituras Para o Advento

Tempo do Advento: 28/Nov/2010 – 19/Dez/2010

Primeiro Domingo de Advento – 28 de Novembro de 2010
  • Primeira Leitura: Isaías 2:1-5
  • Salmo: Salmo 122
  • Segunda Leitura: Romanos 13:11-14
  • Evangelho: Mateus 24:36-44


    "Que possamos ter ouvidos para ouvir e olhos para ver, ó Deus, tua presença entre nós durante este tempo de alegria, enquanto antecipamos a vinda de Jesus. Amém."

Segundo Domingo de Advento – 5 de Dezembro de 2010
  • Primeira Leitura: Isaías 11:1-10
  • Salmo: Salmo 72:1-7, 18-19
  • Segunda Leituras: Romanos 15:4-13
  • Evangelho: Mateus 3:1-12


    "Ouça nossa humilde oração: que possamos servir a todos os teus filhos em alegria, dando voz à tua presença entre nós até o dia da vinda de Jesus. Amém."

Terceiro Domingo de Advento – 12 de Dezembro de 2010
  • Primeira Leitura: Isaías 35:1-10
  • Salmo: Salmo 146:5-10 ou Lucas 1:46b-55
  • Segunda Leitura: Tiago 5:7-10
  • Evangelho: Mateus 11:2-11


    "Deus de paz e alegria, tu que fortaleces o que está fraco, que enriqueces os pobres e dás esperança àqueles que vivem no medo, ajuda-nos a enxergar a necessidade de nosso próximo e a servi-los e amá-los incondicionalmente até a vinda de Jesus e para sempre. Amém."

Quarto Domingo de Advento – 19 de Dezembro de 2010
  • Primeira Leitura: Isaías 7:10-16
  • Salmo: Salmo 80:1-7, 17-19
  • Segunda Leitura: Romanos 1:1-7
  • Evangelho: Mateus 1:18-25


    "Deus da promessa, nos deste um sinal de teu amor por meio da presença de Jesus, nosso Mestre. Cremos, como José, na mensagem de tua presença, e oferecemos nossas orações em favor de teu mundo, confiantes em teu cuidado e amor para com toda a criação. Amém."

Acendendo as Velas de Advento

Em cada acendimento sucessivo das velas de Advento, todos os textos dos acendimentos anteriores são lidos juntamento com as leituras daquele dia específico.

No Primeiro Domingo de Advento e nos Domingos seguintes:

Neste dia testemunhamos a luz de Cristo com todos os fiéis de todos os tempos e todos os lugares:

Com Isaías e Jeremias, profetas de Israel,
esperamos a vinda da justiça e retidão à terra.

No Segundo Domingo de Advento, e nos outros acendimentos das velas:

Com João Batista, clamamos do deserto:
Preparem o caminho do Senhor!
Seu reino está próximo.”

No Terceiro Domingo de Advento, e nos outros acendimentos das velas:

Com Maria, a mãe de Jesus,
magnificamos o Senhor, nos alegrando em nosso Deus,
que fez grandes coisas.

No Quarto Domingo de Advento, e nos outros acendimentos das velas:

Com os autores dos Evangelhos,
contamos as boas novas de Jesus Cristo, a criança de Belém,
que veio para nos salvar com seus ensinamentos,
e vem novamente para reinar em nossos corações.

Na Véspera do Natal, ou no Dia de Natal:

Junto com todos os fieis de todos os tempos e lugares, cantamos:
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra, aos homens de boa vontade.”

Em cada ocasião o acendimento das velas é concluído com:

A Palavra se tornou carne e viveu entre nós,
e vimos sua glória.
Aleluia!