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sábado, 31 de março de 2018

Feliz Páscoa: por uma fé viva em nossas ações

Nós somos um povo pascal. E isso, apesar de poder significar muitas coisas diferentes para diferentes pessoas, para a maioria de nós significa que estamos comprometidos com o espírito daquilo que cremos ter sido ensinado e exemplificado nos relatos sobre Jesus que lemos nas Escrituras cristãs.

Como todos vocês sabem, a maioria de nós unitaristas não compreende aqueles relatos da mesma forma que os cristãos que abraçam uma compreensão dita “ortodoxa”. Eu, certamente, me encontro entre esses. Como um unitarista, não compreendo a morte de Jesus de Nazaré como um sacrifício em favor da humanidade – essa doutrina, a propósito, é altamente ofensiva para mim, já que (entre outras coisas), para aceitá-la, teria de acreditar numa divindade moralmente antropomorfizada que não é capaz de perdoar sem exigir um pagamento por isso (um pagamento de sangue feito por uma pessoa inocente).

Não é isso que vejo e celebro na Páscoa.

Repetidamente, ao longo do Novo Testamento cristão, aprendemos que ser seguidor de Jesus é uma questão de ação no mundo. O autor do Evangelho de Mateus, por exemplo, atribui a Jesus as seguintes palavras:

Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas” (7:12).

E ainda:

“… ‘eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. Então lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram’.” (7:35-40)

Em outro livro do Novo Testamento, encontramos:

Se alguém pensa que é religioso e não sabe controlar a língua, está enganando a si mesmo, e sua religião não vale nada. Religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso pai, é esta: socorrer os órfãos e as viúvas em aflição, e manter-se livre da corrupção do mundo” (Tiago 1:26-27).

E mais adiante:

Assim também é a fé: sem as obras, ela está completamente morta” (Tiago 2:17).

Em outras palavras, é nas nossas relações com outras pessoas no dia a dia que vivemos nossa fé. É seguindo aquelas admoestações e mandamentos de amar e servir e cuidar que demonstramos nosso compromisso como seguidores e discípulos de Jesus. Não importa que perspectivas teológicas abracemos sobre quem é Jesus: o que realmente importa é se estamos realmente praticando aqueles ensinamentos que os autores das Escrituras atribuíram a ele.

Minha oração é que todos possamos “divinizar” nossas relações com as pessoas com as quais compartilhamos este planeta, e possamos encarnar em nossas ações o poder vivificante do testemunho pascoal.

Desejo a todos uma Feliz Páscoa, compartilhando aquelas conhecidas palavras de nossa oração de despedida da liturgia da Comunhão:

Cristo nasce em nós quando abrimos nossos corações à inocência e ao amor. Cristo vive em nós quando caminhamos a senda do perdão, reconciliação e compaixão. Cristo morre em nós quando nos rendemos à nossa própria arrogância, egoísmo e ódio. Cristo ressuscita em nós quando nossas almas se despertam da morte espiritual para se unirem à comunidade de amor, para entrar no reino divino aqui mesmo neste mundo. Saiamos em paz. Amém.

+Gibson

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