Tenho aprendido com minhas três diferentes tradições cristãs – o anglicanismo, o luteranismo, e o unitarismo – a amar e a viver uma vida litúrgica que enriquece e alimenta minha fé. Como minha fé não está acorrentada a definições dogmáticas tão estritas como a de alguns outros cristãos, essa vida litúrgica tornou-se a declaração de fé mais audível que posso fazer aos céus, à terra, e a mim mesmo. Lex orandi lex credendi, como tem dito a Igreja historicamente, e como uma de minhas heranças cristãs (o anglicanismo) tem enfatizado – a lei da oração é a lei da crença, ou seja, aquilo que oramos/rezamos é nossa declaração de fé.
Como um Ministro da Palavra e Sacramento, tenho a oportunidade de declarar minha fé todas as vezes que oficio uma celebração da Comunhão e todas as vezes que ensino do púlpito. Quando, na celebração da Comunhão, convido a todos os presentes a partilharem dos elementos eucarísticos – independentemente de quem sejam, do que creiam, de onde tenham estado, ou de serem membros de nossa congregação ou não – estou, na verdade, fazendo uma declaração explícita de minha fé no amor incondicional de Deus por absolutamente todos e na receptividade da comunidade dos seguidores de Jesus de Nazaré. Quando rezo a Oração de Despedida, ao fim de nossas celebrações eucarísticas, estou fazendo uma declaração explícita de minha fé na vida e ressurreição de Cristo. Estou unindo minha voz à voz de outros cristãos unitaristas no mundo (sim, pouquíssimos, talvez) que compartilham com cristãos de outras famílias uma fé menos preocupada com definições dogmáticas muito claras, mas uma fé viva, preocupada em testificar o poder do amor transformador ensinado por Jesus em nossas ações do dia a dia (mesmo que, infelizmente, sejamos tão falhos em ser bons modelos de “amor cristão”). As palavras dessa Oração de Despedida formam um credo ao qual não tenho nenhuma objeção de juntar minha voz:
“Cristo nasce em nós quando abrimos nossos corações à inocência e ao amor. Cristo vive em nós quando caminhamos a senda do perdão, reconciliação e compaixão. Cristo morre em nós quando nos rendemos à nossa própria arrogância, egoísmo e ódio. Cristo ressuscita em nós quando nossas almas se despertam da morte espiritual para se unirem à comunidade de amor, para entrar no reino divino aqui mesmo neste mundo. Saiamos em paz. Amém.”
Além dessa oração, também sinto fazer uma declaração audível de minha fé quando pronuncio as palavras de nossa Aliança Batismal. Não deveria ser assim, mas essas são as palavras – a Oração de Despedida e a Aliança Batismal – que mais amo rezar em toda a liturgia de nossa igreja, e esse amor surge porque me sinto desafiado por elas. Essas são orações que sempre me esbofeteiam, exigindo que me desperte do sono no qual permanentemente pareço cair. Essas são as palavras mais estremecedoras que rezo junto com a igreja. Os votos que fazemos, como membros desta comunidade cristã, dizem o seguinte:
“Você continuará nos ensinamentos e comunhão dos apóstolos, na partilha do pão e nas orações?
Sim, com a ajuda de Deus.
Você perseverará na resistência ao mal, e, sempre que pecar, se arrependerá e retornará ao Senhor?
Sim, com a ajuda de Deus.
Você proclamará as boas novas por meio de palavras e ações, servindo a todas as pessoas?
Sim, com a ajuda de Deus.
Você defenderá a justiça e a paz dentre todas as pessoas, e respeitará a dignidade e o valor de todos os seres humanos?
Sim, com a ajuda de Deus.”
Essas palavras são um resumo esclarecedor da fé que abraço e partilho com outros cristãos. Oxalá possamos transformá-las em ação em nossas vidas diárias – é minha esperança.
+Gibson
Nenhum comentário:
Postar um comentário