Há
alguns anos tenho tido a feliz oportunidade de guiar pessoas em sua
descoberta da caminhada pelo Labirinto. A própria palavra chega a
assustar muitos cristãos – especialmente aqueles que tenham uma
herança protestante não-litúrgica, na qual práticas mais
tradicionais de oração e meditação não são muito comuns. Minha
experiência pessoal com práticas “alternativas” de oração e
devoção cristãs, além de minha experiência liderando esses tipos
de liturgias, tem se provado um excelente caminho de descoberta e
crescimento espiritual.
Para
aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de caminhar o
Labirinto, deixem-me explicar um pouco sobre o que se trata: o
Labirinto é um caminho, geralmente circular, que te leva a um ponto
central e, em seguida, para fora novamente. Os labirintos têm sido
usados, há séculos, por cristãos e por pessoas de outras tradições
como um caminho de oração, meditação e cura. Para aqueles que já
visitaram igrejas medievais na Europa (pensem na Catedral de
Chartres, na França), por exemplo, talvez seja fácil lembrar desses
labirintos nos pisos de pedra dessas igrejas; ou, talvez, lembrem-se
daqueles labirintos verdes nos antigos jardins britânicos; ou nos
labirintos nos pisos de muitas igrejas (católicas e protestantes)
nos Estados Unidos. Aqui mesmo em nossa congregação, contamos com
um modelo portátil de Labirinto que utilizamos para nossa prática
de caminhada.
Mas o que
fazemos enquanto caminhamos pelo Labirinto? Em primeiro lugar, é
sempre bom lembrar que a jornada pelo Labirinto é uma prática
espiritual que envolve o nosso “todo” – isto é, envolve o
nosso corpo; envolve nosso autocontrole (já que não estamos numa
corrida, e, sim, numa caminhada lenta); envolve nossa mente, enquanto
meditamos e oramos. Muitos, enquanto caminham, repetem uma oração
curta; outros, mencionam uma intenção e caminham focando-se nessa
intenção. Outros refletem sobre suas vidas e jornadas pessoais.
Muitas pessoas, ao alcançarem o centro do Labirinto, permanecem lá
por algum tempo – em pé ou sentadas, algumas acendem uma vela –
para orar. Podemos fazer tudo isso e, se forem um tanto atrevido como
eu, poderão experimentar diferentes práticas todas as vezes que
caminharem pelo Labirinto.
Também é
importante dizer que não precisamos, necessariamente, dum labirinto
físico para praticarmos essas caminhadas espirituais. Para aqueles
que não têm a oportunidade de caminhar através dum labirinto,
podem, ainda, praticar uma caminhada de meditação e oração num
lugar público em horário mais tranquilo – aqui em Recife, por
exemplo, contamos com a praia e com parques onde podemos fazer isso.
Muitas
orações podem ser utilizadas para nos centrarmos enquanto
caminhamos. Se você não se sente à vontade com orações
prescritas, pode dizer suas próprias orações, ou pode recitar
trechos das Escrituras. (Como minha preocupação aqui é com a
caminhado no Labirinto enquanto prática cristã, é óbvio que trato
da oração cristã aqui, mas aqueles que não sejam cristãos – ou
mesmo aqueles que se vejam como ateus, agnósticos, ou não
religiosos – também podem utilizar a caminhada como uma prática
de meditação, obviamente, e podem criar um ritual próprio.) Pode
também, utilizar trechos de poesia, ou o que quiser como “mantra”,
além da meditação pessoal. A seguir gostaria de listar algumas de
minhas orações favoritas quando estou fazendo minhas caminhadas,
tanto pelo Labirinto quanto na praia ou parques:
“Deus
esteja comigo neste dia, todos os dias, e em minha jornada, e que eu
possa ser a presença de Deus para aqueles que encontrar em meu
caminho, neste dia, e todos os dias.”
“Aqui
estou, meu Jesus, ensina-me.”
“Paz
entre mim e meu Deus.”
“Em teu
caminho, ó meu Deus, e não no meu, sejam todas as minhas jornadas.”
“Ilumina
minha escuridão, ó Luz Eterna. Que tua presença afaste a escuridão
da noite.”
“Acalma-me,
ó Deus, como acalmas as tormentas da vida. Cessa esse tumulto dentro
de mim. Abraça-me com tua paz!”
“Que a
paz de toda a paz esteja comigo agora!”
Independentemente
de como damos voz à nossa busca espiritual, minha experiência,
assim como a de muitas outras pessoas, é que a caminhada espiritual
– seja no Labirinto ou fora dele – é uma ótima prática de
centração espiritual que nos ajuda a encontrarmos novas direções
em nossas vidas. Experimente e me conte depois!
+Gibson
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