Caro
Mauro,
Agradeço
por seus comentários, apesar de nossas diferenças de opinião.
Deixe-me responder a algumas de suas provocações da forma “direta
e crua”, como me pediu.
Partilho
de seu respeito pela Bíblia. Como em seu caso, enxergo a
Bíblia como Escritura Sagrada – na verdade, na maioria das vezes,
é exatamente assim que me refiro à Bíblia, como “Escrituras”
(como pode ver em vários de meus textos aqui) –, como textos
canônicos para minha fé.
Diferentemente
de você, contudo, não entendo as Escrituras como textos divinos
em sua origem. A Bíblia, em minha visão, é um
produto humano que emergiu da tentativa de antigas comunidades darem
uma resposta à sua experiência com Deus.
Ela, a Bíblia, possui um status e desempenha uma função sagrada em
minha vida de fé, mas isso não quer dizer que a interprete
literalmente, ou que por causa duma interpretação específica dela
feche minha mente para outras coisas que sei sobre o Universo do qual
sou parte.
Infelizmente,
para você, dizer isso é sinônimo de “negar a fé”. Você,
aparentemente, só não conseguiu conciliar essa afirmação com o
que tinha dito no início de sua mensagem. Pois se não sou um
“cristão verdadeiro”, então você não pode, coerentemente, me
acusar de estar negando a fé, já que minha fé não seria a mesma
da sua, de qualquer forma. Consegue ver a incoerência de sua
afirmação?
Não
me preocupo muito em discutir teologia dogmática
stricto sensu.
Isso não quer dizer que não me importe com isso em minha reflexão
teológica, já que tudo se relaciona a ela em teologia. Só evito
tratar muito disso aqui.
Sua
acusação de que eu seja um “acadêmico” tentando desacreditar o
Cristianismo é absurda, com todo respeito – ao menos, no sentido
em que usou o termo “acadêmico”. Em primeiro lugar, não sou um
acadêmico, sou um Ministro religioso; e mesmo meu ensino de Teologia
se dá num seminário teológico, num ambiente não-laico. Em segundo
lugar, se não percebeu, este espaço tem uma “missão”
claramente religiosa, e não “acadêmica” – é só ler a
descrição do mesmo.
Minha
compreensão do Cristianismo é não exclusivista. O Cristianismo é
minha fé, é minha jornada rumo a um encontro com o Divino e com a
humanidade. Dizer isso, entretanto, é diferente de dizer que o
Cristianismo seja o único caminho válido rumo a esse encontro com o
Divino e com a humanidade. Deus, se o compreendesse em termos
antropomórficos – o que não é o caso -, não é cristão. Jesus
não era cristão. Os primeiros seguidores de Jesus não eram
“cristãos”. A maior parte da humanidade não é, nem foi,
cristã. Da forma
como compreendo Deus, até mesmo o ateísmo pode ser um caminho para
um encontro com a Divindade.
Então, obviamente, não compartilho de sua visão exclusivista e
excludente da fé cristã. O
Cristianismo, para mim, é uma jornada de compaixão,
de encontro com o Divino e com a humanidade. Nossas concepções
particulares de “Deus” ou da “fé” não podem ser mais
importantes que aquele “encontro” prometido pela tradição
cristã. É esse “encontro” que chamo de “compaixão”.
E,
para finalizar da forma mais “direta e crua” possível, devo
enfatizar que as pessoas para quem mantenho estas páginas, ou seja,
os destinatários deste blog, são pessoas que estão dispostas a
questionar, a pensar; são pessoas que estão em busca de algo
diferente do que encontram em outros lugares. Ninguém é obrigado a
ler o que publico aqui. Se você se indigna tanto com o que escrevo,
pode sempre visitar outros sites que exibam um pensamento mais de
acordo com suas perspectivas. Seus recorrentes comentários,
utilizando uma linguagem tão violenta e grosseira, tão pouco compassiva, não servem como um bom
testemunho de sua suposta fé. Espero que possa refletir um pouco
sobre isso.
Grande
abraço, e bençãos!
+Gibson
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