Independentemente
de como compreendamos as narrativas acerca do nascimento de Jesus de
Nazaré, a maioria de nós cristãos, em todas as eras e terras,
honra o Natal ao menos como uma celebração memorial importante para
a Igreja – a comunidade dos seguidores de Jesus. Como meus irmãos
e minhas irmãs de outras tradições cristãs, também celebro o
nascimento e a vida de Jesus de Nazaré, o Cristo.
Confesso
que, como um unitarista, não me interessam muito as narrativas
lendárias sobre um suposto nascimento sobrenatural. Tenho muito mais
interesse nas condições dum nascimento humano comum. A humanidade
de Jesus ressoa aos meus ouvidos e me faz desejar seguir seu exemplo.
Assim,
esta noite, interessa-me celebrar o nascimento do menino que seria
acusado de ilegítimo, fruto de fornicação. Do garoto que, como
consequência do preconceito que sofrera, ensinou uma noção acerca
de Deus como um “paizinho” do qual poderíamos nos aproximar sem
medo. Do rabino que ousou caminhar com aqueles menos desejados. Do
Messias que me salva por meio de seu ensinamento duro e de suas
exigências pesadas de amor incondicional.
É
esse o nascimento que escolho celebrar no Natal. Não o nascimento
dum “menino deus”; o nascimento dum menino como todos os outros
meninos, que viveria a vida que todos nós poderíamos viver em
nossos próprios contextos – uma vida baseada numa forma de
compaixão salvadora.
No
Natal, celebro o nascimento do menino que começou sua vida como um
refugiado – refugiado como aqueles que deixam, hoje, regiões da
África e da Ásia em busca de humanidade na Europa, nas Américas ou
outras regiões de seu próprio continente de origem. Se os pais de
Jesus se refugiaram no Egito, buscando escapar de perseguições,
então esse Jesus humano compreenderia todos aqueles que buscam uma
vida mais segura, pacífica ou próspera em outras terras.
Celebro
o nascimento do homem que segurou as mãos, abraçou, beijou e comeu
com as pessoas tidas como mais indignas. O homem que chamou como seus
“talmudim” (discípulos) pessoas que outros mestres
desprezariam...
É o
nascimento desse personagem que celebro esta noite. É esse Jesus que
celebro como o Rei de minha fé, como o mestre que me sinto convidado
a seguir.
Vem,
ó homem de Nazaré, e me ensina a encarnar tua mensagem de
compaixão!
Feliz
Natal a todas e todos!
+Gibson
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