Tendo
exposto minhas preocupações e desconforto com o modo como qual o
candidato se tornou Presidente eleito, resta-me apenas fazer algumas
sugestões àqueles que não votaram em Jair Bolsonaro.
É
importante, para mim, afirmar o óbvio: Jair Bolsonaro,
independentemente dos sentimentos que possamos ter a respeito de seu
comportamento e falas como Deputado e como candidato à Presidência
da República Federativa do Brasil, foi eleito Presidente pela
vontade da maioria dos votos válidos.
Reconhecer
esse fato é reconhecer que aceitar o processo democrático
compreende aceitar os resultados que não nos agradam. No processo
eleitoral democrático sempre haverá vencedores e perdedores e,
desta vez, Jair Bolsonaro e as elites e massas por trás de sua
vitória ganharam o processo – mesmo que tenham demonstrado,
inúmeras vezes, que não apreciavam o sistema democrático. Ele é o
Presidente que assumirá as rédeas do Executivo Federal a partir de
1º de janeiro próximo.
A
glória da democracia é que ela permite vozes discordantes e, assim,
as cidadãs e os cidadãos, organizados em partidos políticos e em
movimentos sociais, podem exercer pressão sobre o Executivo e o
Legislativo, cobrando a proteção de seus direitos civis – que o
candidato Bolsonaro parecia ameaçar.
Também
é possível que o agora Presidente eleito seja, ele mesmo, amansado
pelo establishment político – como o foi o ex-Presidente
Lula da Silva, por exemplo. Seu comportamento anterior poderá ser
aos poucos “planaltizado”, a partir de sua
posse, por aqueles com quem trabalhará. Essa é, ao menos, minha
esperança.
Seja
como for, numa democracia, as vozes minoritárias não podem ser
caladas pelas vozes da maioria – e vice-versa. Deve-se aceitar os
resultados das eleições – isto é, supondo que nenhum crime tenha
sido cometido ao longo da campanha (e estou agora pensando no caso
noticiado pela Folha de São Paulo e que, supostamente, ainda será
investigado pela Polícia Federal e pela Justiça Eleitoral) – e
isso implica aceitar a vitória de Bolsonaro. Mas a relação do
cidadão que nele não votou – especialmente daqueles que votaram
contra ele (há uma diferença clara entre ter votado em Haddad e ter
votado contra Bolsonaro) – não se encerra com a aceitação de sua
vitória.
Resta-nos,
agora mais do que nunca – especialmente daqueles na educação, na
comunicação e na Igreja/religião –, ajudar na construção duma
compreensão social ampla do que é a democracia e do que é um
Estado Democrático de Direito; a defesa da liberdade e dos direitos
de absolutamente todos, especialmente daqueles mais vulneráveis numa
sociedade que se dividiu insanamente; o esforço pela construção da
paz social, através do diálogo, de todas as formas possíveis.
O
Brasil e as brasileiras e brasileiros, afinal de contas, são mais
importantes do que a pessoa e os grupos que os governam. Os cidadãos
podem e devem elevar suas vozes e trabalhar pela democracia e por
seus direitos civis se esses forem ameaçados.
+Gibson
Nenhum comentário:
Postar um comentário